Quando
mandei fazer minha prancha, quis acompanhar todo o processo, tanto para
aprender um pouco sobre a fabricação, quanto para que ela saísse exatamente
como eu sonhava. Então, hoje vou mostrar pra vocês os passos de fabricação de
uma prancha de surf. As informações foram tiradas de uma entrevista exclusiva
com o shaper Fernando Carvalho, da FC Surfboards, e vão nos fazer entrar um
pouquinho nesse mundo.
O primeiro
passo para a fabricação da prancha é a escolha do material do bloco. Aqui no
Brasil você pode escolher de Poliuretano ou de EPS (Isopor). Um dos blocos de
isopor mais conhecidos por aqui é o da Keahana. Quando você compra esse bloco ele vem com
o kit completo de todo o material necessário: bloco, fibra, resina para cada fase,
lixas, recipientes de mistura, etc. A Teccel é uma concorrente nacional que já
fabrica bloco de isopor.
Uma das diferenças de mais destaque é que as de EPS você pode reciclar as sobras, e as de Poliuretano não. Infelizmente, aqui em Fortaleza não ter quem recicle então acaba indo para o lixo de qualquer forma.
Uma das diferenças de mais destaque é que as de EPS você pode reciclar as sobras, e as de Poliuretano não. Infelizmente, aqui em Fortaleza não ter quem recicle então acaba indo para o lixo de qualquer forma.
A de EPS tem
mais durabilidade e amarela menos, porque é feita com resina Epoxi ou Epóx. Essa
resina tem a vantagem de ser menos toxica, não tem cheiro, e, como já foi
falado, possibilita o processo inverso (reciclagem). Outra diferença é que o
bloco de isopor permite por volta de 30% a mais de flutuação em relação ao Poliuretano.
Para o shaper, tem o lado da
laminação, que a de Poliuretano é bem mais rápida porque já vem com um formato de prancha, mas as de EPS são consideradas
mais resistentes.
Quanto ao amarelamento, hoje já se usa filtro na resina, o que tardia esse processo. A qualidade do bloco também define se amarela rápido ou se demora mais. Na prancha de Poliuretano o que amarela é o bloco, já na de EPS é a resina.
Quando
perguntado sobre a resina, o shaper disse
que é essa escolha que define a qualidade, e quem faz essa escolha é o
próprio shaper, a ideal é a
resina epoxi naval. O kit Keahana tem uma resina epoxi própria, é até patenteada.
Bom, escolhido o bloco, vamos aos processos!
- O 1º processo começa na sala do shaper, que é onde o bloco vai ser cortado para ganhar o formato desejado.
Bom, escolhido o bloco, vamos aos processos!
- O 1º processo começa na sala do shaper, que é onde o bloco vai ser cortado para ganhar o formato desejado.
Precisa entender o desenho da
prancha porque é isso que vai definir o desempenho da prancha, e como ela vai
fluir na água. O outline é como se
chama a área de curvas da prancha a ser trabalhada, e é onde será feito o
design. Essa combinação de curvas (templates)
são divididas em 04 partes do bloco: bico, meio, wide point (parte mais larga da prancha) e rabeta.
Se você é iniciante e não entende
nada das medidas, o melhor mesmo é conversar com o shaper para que ele entenda e possa reproduzir seu desejo na
prancha. De maneira bem geral, se tiver aprendendo é melhor uma maiorzinha, já
se o intuito for mandar manobras é preferível uma menor. Você tem que explicar se
sua preferência é furar com mais facilidade, se é pra entrar mais rápido
na onda, se é estabilidade no drop ou se você quer mesmo é VELOCIDADE! Porque daí é que vão ser definidas as medidas das 04 partes do bloco.
- Quando estiver pronta pra sair
da sala, o bloco EPS leva uma camada de prime, que é tipo uma pasta e serve
para impermeabilizar (a de Poliuretano não leva prime).
- Depois vai para a pintura! Aí é escolha do cliente e vai da criatividade de quem pinta, podendo ser usado pistolas, spray ou canetas (A minha quem fez foi o Júnior Negão e ficou iradíssima).
- Depois vai para a pintura! Aí é escolha do cliente e vai da criatividade de quem pinta, podendo ser usado pistolas, spray ou canetas (A minha quem fez foi o Júnior Negão e ficou iradíssima).
- Em seguida vai para a sala de laminação para fazer o revestimento. Primeiro passa uma camada de resina para umedecer a superfície e conseguir uma melhor aderência na fibra, depois coloca um tecido (fibra de vidro) do tamanho da prancha, pressionando e aplicando outra camada de resina. Assim, o tecido vai sumindo quando vai colocando a resina. Faz isso dos dois lados da prancha, e depois corta as sobras do tecido.
Sabe aquele “adesivo” da logo do shaper, do nome Keahana e outras logos? Eles não são adesivos. Na verdade são papéis de seda impressos com tinta à base de solvente. Quando se coloca a resina, some o papel e fica somente a tinta.
- Depois coloca as quilhas: se
for fixa, cola direto a quilha na prancha utilizando resina mesmo, sem perfurar
a prancha; se não for fixa, é nessa hora que se perfura a prancha para colocar
os copinhos. É nessa hora também que se cola o copinho do strep.
- Para finalizar, dá outro banho de resina e lixa para tirar as imperfeições. Após essa etapa a prancha já está pronta para ser entregue.
- Para finalizar, dá outro banho de resina e lixa para tirar as imperfeições. Após essa etapa a prancha já está pronta para ser entregue.
A maioria coloca depois uma camada
de glass, podendo ser fosca ou
polida, isso é o que vai definir o brilho.
O processo de
cura é o período que a prancha precisa para secar totalmente antes de ser usada.
Normalmente se deixa sete dias. Se não esperar o tempo suficiente, a prancha
pode amassar e ficar com marcas.
O shaper Fernando Carvalho tem uma coleção
de revistas de surf clássicas como a Fliper e a Fluir, desde as edições mais antigas (ele tem a primeira edição da Fluir, essa aí da foto!), e ele as utiliza como fonte
de inspiração.
Fernando conta
com uma experiência de 27 anos como shaper,
e é um dos nomes mais conceituados em Fortaleza. Tem a profissão como um hobby, fazendo por prazer, paixão, mas seu
diploma mesmo é em engenharia. Tanto que, hoje em dia, Fernando se diz aposentado e faz prancha apenas para alguns clientes VIP.
Para visualizar melhor o que foi falado, é só checar o vídeo abaixo:
Fotos: Dandara Borges
Por: Natasha Facó
Para visualizar melhor o que foi falado, é só checar o vídeo abaixo:
Por: Natasha Facó
Ótima matéria!
ResponderExcluirValeu Lucas! :D
Excluirboa matéria ficou show, aprendi bastante,parabéns !
ResponderExcluirYuri SurfStore diz: Professor Fernando Carvalho sabe tudo e um pouco mais sobre a arte de shapear uma prancha!
ResponderExcluirParabéns FC e parabéns meninas!
É verdade Yuri! E COMO SABE! Valeu! ;D
Excluirparabens ...pela materia e pela riqueza de informações
ResponderExcluirAMERICO POTENZA
DIRETOR COMERCIAL
VI FIBERGLASS
SOMOS O MAIOR DISTRIBUIDOR DE RESINA E FIBRA E VIDRO DO BRASIL.
WWW.VIFIBER.COM.BR
Valeu! Obrigada.
ExcluirGOSTEI :)
ResponderExcluirwww.thereal-cinderella.blogspot.com
Oi! A KEAHANA é brasileira sim só o nome que é havaiano... É a melhor prancha do mundo, é um tipo de epoxi que é diferente de tudo que tem no mercado mundial. Vem tudo num kit que é aquele da primeira foto e mais o bloco KEAHANA também. Sou de fortaleza mas moro no sul da california e trabalho na KEAHANA USA! Comecei a surfar na Praia do Futuro há 10 anos e fico feliz de ver que a mulherada tá cada vez mais dominando o surfe! Adorei a matéria, mexo com pranhca o dia inteiro e fico feliz de ver nosso produto tão bem difundido!!! Um abraço!! Julia
ResponderExcluirValeu Julia, já tá corrigido! :D
Excluirafinal qual é melhor para surfar epox ou poliuretano????
ResponderExcluirpara nós, a de epox... dá uma checada no site da keahana. mas depende muito do shaper tb né?! :D
Excluirhttp://www.keahana.com/brasil/conceito.php
Otima Materia da para ter uma boa ideia geral de como e o processo. Uma duvida, o que seria essa camada de prime? obrigado
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